Foram onze dias em Algodoal, viajando sozinha. Durante as viagens que faço é comum as pessoas perguntarem porque estou viajando sozinha. Eu só sei que a primeira vez que decidi ir a um bar sozinha foi uma experiência tão libertadora que a partir dali comecei a dar alguns passos maiores, até começar a viajar sozinha pra outros países.
E nessas viagens, ao contrário do que as pessoas pensam, você nunca fica sozinha. Nesses dias em Algodoal conheci várias figuras locais, aprendi como pescam, a fazer fogueira com coco, dancei carimbó (todos os dias), aprendi a tocar curimbó e maraca, fiquei num camping com uma galera da música eletrônica que me acolheu como vizinha, dormi num mezanino de frente pro mar com a lua cheia na janela, toquei ao entardecer pra a galera que passava pela praia, conheci gente de estados diferentes, escutei sobre os problemas sociais que os nativos têm e pensamos possibilidades de projetos pra eles, peguei barco, peguei moto, peguei barco de novo, moto de novo, barco mais uma vez. Nos dias seguintes ao carimbó era comum as pessoas me pararem na rua e dizerem: "olha aí a dançarina de carimbó".
Com poucos dias eu já me sentia pertencente àquele lugar. E quando os moradores me perguntavam o que me fazia voltar a Algodoal todos os anos, eu só consigo pensar que não se trata apenas do lugar paradisíaco, mas de como as pessoas me recebem e me acolhem.
Essa foi a primeira vez que vim sozinha a Algodoal e talvez a que mais interagi de verdade com a cultura e as pessoas locais.
Essa é a Barraca do Côco. Parada obrigatória de quem caminha da praia do centrinho até a Praia da Princesa. A barraca fica numa ponta de Algodoal, divisa entre as águas do rio e do mar. O morador, Mateus, mora aqui há vinte anos e como a maioria dos locais, é uma das figuras mais simpáticas e prestativas que já conheci. Mateus pescou um peixe pra assar e me ofereceu uma dormida no mezanino, de frente pro mar. Em retribuição, fiz um som para ele e os amigos dele, final da tarde. O lugar mais bonito que já toquei, até hoje 🙂
Despedi desse lugar encantado com um até logo, porque sei que irei voltar.
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